RESUMO EXPANDIDO: EU SOU VIDA; EU NÃO SOU MORTE: O PROCESSO CRIATIVO A PARTIR DA OBRA CÔMICA DE QORPO SANTO
Previsão de publicação para o dia 13/12/2019
Eu e alguns pibidianos fomos convidados a publicar em e-book os resumos expandidos dos nossos projetos do programa da realização das trabalhos desenvolvidos nas escolas.
Abaixo, resultado da escrita.
Eu e alguns pibidianos fomos convidados a publicar em e-book os resumos expandidos dos nossos projetos do programa da realização das trabalhos desenvolvidos nas escolas.
Abaixo, resultado da escrita.
EU SOU VIDA; EU NÃO SOU MORTE: O
PROCESSO CRIATIVO A PARTIR DA OBRA CÔMICA DE QORPO SANTO
Gabriel da Silva de OLIVEIRA[1],
Alessandra, do Amaral Ramos, Marli Susana Carrard SITTA[2],
Mariane ROTTER[3]
RESUMO
Este
trabalho é resultado do projeto realizado na Escola Estadual de Ensino
Fundamental Dr. Jorge Guilherme Moojen, com turma do 9° ano, na cidade de
Montenegro e foi desenvolvido em sua primeira etapa no ano de 2018 e, em 2019,
é retomado para dar continuidade com a mesma estrutura, porém com novas configurações
das etapas do processo criativo. O texto dramático Eu sou vida; Eu não sou morte do dramaturgo gaúcho Qorpo Santo é o
ponto de partida para o processo de criação e, por meio dela, os alunos são
convidados a experimentar improvisação de cenas. Os jogos dramáticos e teatrais
são os impulsionadores da criação teatral e ajudam a costurar as cenas
desenvolvidas nos grupos e essas são apresentadas como resultado final de um
processo criativo trabalhado em sala de aula. Qorpo Santo nasceu e viveu na
cidade de Triunfo-RS e escreveu diversas peças teatrais incluindo comédias e
tragédias e essas estão disponíveis em sites
da internet e livros publicados com suas obras.
PALAVAS-CHAVES:
Processo criativo, personagem, teatro, Qorpo Santo.
INTRODUÇÃO
Este projeto propõe dar continuidade ao trabalho realizado
no segundo semestre de 2018, titulado Jogo,
corpo e experimentação, no qual a abordagem foi a partir das metodologias e
teorias do autor teatral Jean-Pierre Ryngaert encontradas em seu livro Jogar, representar que vai trazer uma
forte relação do teatro com o meio escolar privilegiando principalmente o jogo
como fenômeno cultural de forte dimensão lúdica, fundamental para a vida
humana. Esse exame da experiência teatral à luz da ludicidade ganha densidade
neste trabalho também com autores como Johan Huizinga (1971), Olga Garcia
Reverbel (2010) e Viola Spolin (1997). Esses
autores descrevem o jogo como sendo uma atividade inerente às funções
essenciais ao desenvolvimento humano colocando-o como espaço intermediário
entre a fantasia e a realidade, o subjetivo e o objetivo, a expressão e a
comunicação estabelecendo intervalos na vida cotidiana, ao mesmo tempo em que
abre espaços para as pulsões criativas, para a metáfora e para a ficção, com as
quais as pessoas podem encontrar maior sentido para a existência. Como se
observa, a caracterização da dimensão lúdica apresenta pontos de contato com o
teatro e, sem dúvida, com as experimentações com corpo.
Essas experiências com o jogo levaram para diferentes
elementos constitutivos das cenas teatrais. A partir do trabalho com o corpo,
voz, improvisação, experimentação; da autopercepção, do autocontrole e do
autoconhecimento, um processo criativo foi sendo construído. Como ponto de
partida o texto cômico Eu sou Vida; Eu
Não Sou Morte do dramaturgo gaúcho Qorpo Santo. Como objetivos principais a
criação de personagens por meio de fragmentos do texto, o entendimento dos processos de montagem de uma peça teatral e/ou do
processo criativo a partir das noções teatrais trabalhadas, a compreensão do
espaço de trabalho como espaço de criação livre e, por fim, a
apresentação das cenas criadas em conjunto. Da escolha dessa dramaturgia surge
também a pesquisa por materiais e produções do mesmo autor, aguçando a
curiosidade por um dramaturgo que viveu próximo de nós.
Juntos, alunos da escola Dr. Jorge Guilherme Moojen e
bolsista, amparados pelos princípios descritos objetivam construir conhecimento
teatral, praticamente desconhecido no espaço escolar. Há ainda muitas barreiras
a serem quebradas para a instalação e permanência do conhecimento teatral
dentro deste espaço. O tempo é de experimentação e construção.
METODOLOGIA
O presente projeto desenvolveu-se em nove
encontros, durante os meses maio/junho/2019, com um encontro semanal de 1h30
(uma hora e trinta minutos) cada, seguindo as etapas: autoconhecimento e autopercepção;
jogos de confiança entre os participantes; trabalho e percepção da voz em
conjunto e individual; trabalho corporal em conjunto e individual; trabalho de
improvisação teatral individual e coletivo; criação de personagens em conjunto
e individual a partir de motes pré-estabelecidos e de fragmentos do texto escolhido
para o processo criativo; avaliação dos processos de montagem de uma peça
teatral e/ou do processo criativo a partir das noções trabalhadas em conjunto
e/ou individualmente buscando o entendimento da relação do teatro e construção
do conhecimento.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir do trabalho de improvisação
com o texto de Qorpo Santo, se alcançou – nas propostas do projeto – o processo
criativo de uma busca desde a autopercepção, até a criação de personagens
selecionados pelos alunos e pibidiano.
O jogo dramático foi utilizado como
indutor da encenação e construção das cenas apresentadas. Os dizeres de Ryngaert
(2010, p.12), refletem os encontros: “Quando jogos dramáticos eram propostos, a
expectativa era de que os jovens, ao invés de copiarem gestos, entonações,
movimentos do professor, fossem levados a encontrar por si mesmos as
características das situações e personagens experimentados”.
Dos resultados, destaca-se o trabalho corporal dos alunos; o
trabalho de voz com as possibilidades e limites de cada participante; os jogos
teatrais propostos durante as aulas; o trabalho de improvisação a partir de
motes pré-estabelecidos; a caracterização das personagens que todos os alunos criaram;
a formulação e costura das cenas dos grupos na proposta de uma apresentação
final para a escola e colegas.
A apresentação da criação dos alunos aconteceu na própria escola,
na sala da biblioteca, na qual, além de fazer parte da sua zona de conforto,
ainda acontecia no espaço escolar – quando a proposta do projeto era,
justamente, utilizar dos recursos do teatro no espaço da escola – além dos
ensaios terem acontecido na própria sala de aula onde os alunos já estão
familiarizados. A ideia inicial era de introduzir as noções teatrais em um
campo onde os alunos já estivessem acostumados, mas, buscando desconstruir aos
poucos o formato linear do sistema da escola em relação à forma de ensinar e,
em relação aos alunos, de aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olhando-se para a tendência natural nas escolas dos alunos
pensarem o teatro apoiado nas palavras, trabalhar com elas pensando no corpo
como um todo foi fundamental e trouxe a noção de ruptura para sala de aula. De
acordo com Ryngaert (2010), o teatro em sala de aula, além de incidir na aquisição
de saberes e superação de limites, possibilita a expressividade, a integração,
a comunicação e o prazer que pode advir do que foi vivenciado. E isso,
naturalmente provoca uma ruptura com o habitual da matriz curricular existente
na escola, e não raro os alunos começam a se perceberem como sujeitos que podem
sonhar, querer, desejar. Veem-se subjetivos.
Da proposta inicial
do projeto, são perceptíveis as relações que se criaram no tempo trabalhado –
tanto a relação alunos/pibidiano, quanto professores/pibidiano, dentre outros –
quanto às noções passadas para os alunos em um pequeno tempo e espaço. É possível
destacar o bom aproveitamento dos encontros com os alunos, das noções
trabalhadas de corpo, de voz, de análise de texto, de improvisação de cenas, de
criação de personagens, de formas de entender o espaço cênico, de formas de
entender a montagem e a costura de um processo criativo ou de uma peça teatral.
As possibilidades na escola são infinitas. Aqui, buscou-se
entender as necessidades e as potencialidades que se observou em sala de aula
da turma escolhida para o trabalho em conjunto e de como o teatro é necessário
na escola e de como é preciso insistir numa educação que valorize e que busque
cada vez mais um ser criativo e um ser participativo enquanto parte de um
conjunto social.
No que se refere ao estudado e vivenciado, para uma melhor
compreensão das noções teatrais em sala de aula é necessário tempo e dedicação,
além de um envolvimento constante e de uma parceria entre escola, aluno e
professor, para que os objetivos buscados se tornem resultados e esses
resultados interfiram diretamente no dia a dia da escola e, que, cada vez mais,
possamos nós, professores-artistas, adentrarmos o espaço de aprendizado na
educação básica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUIZINGA,
Johan. Homo Ludens. São Paulo:
Perspectiva, 1971.
QORPO-SANTO
. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2019. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8151/qorpo-santo>. Acesso
em: 24 de Set. 2019. Verbete da Enciclopédia.
REVERBEL, Olga Garcia. Jogos teatrais na escola. São Paulo:
Editora Scipione, 2010.
RYNGAERT, Jean-Pierre. Jogar, representar. 2. ed. São Paulo: Cosac
Naify, 2009.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Perspectiva:
1997.
[1]
Pibidiano Discente do Curso de Teatro:
Licenciatura. Unidade em Montenegro. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS);
[2]
Profa do Curso de Teatro: Licenciatura e
Coordenadora do PIBID/UERGS Núcleo Artes Visuais e Teatro;
[3]
Profa do Curso de Artes Visuais: Licenciatura
e Coordenadora do PIBID/UERGS/Núcleo Artes Visuais e Teatro.
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